(Análise) Sprawlopolis
Nota: A versão nacional do jogo já vem com expansões inclusas. Esta análise leva em consideração tudo junto!
Título: Sprawlopolis (2018)
Designer: Steven Aramini, Danny Devine, Paul Kluka
Arte: Loic Billiau, Danny Devine
Editora nacional: FunBox Editora
Nº de jogadores: 1 a 4
Um verdadeiro jogo de cartas de bolso, inteligente e rapidinho. Em Sprawlopolis os jogadores irão cooperativamente planejar e montar uma cidade com base em diferentes pontuações que variam a cada partida.
Como Funciona
O jogo pode ser jogado de forma cooperativa ou solo (1 jogador) e o funcionamento é relativamente semelhante. Na preparação todas cartas são embaralhadas juntas, formando um baralho único (com a face de ‘quadras’, os desenhos coloridos de cidade, para cima). Do topo deste baralho são pegas 3 cartas, que ficam com a parte de trás (o texto) reveladas e servirão como objetivos da partida, tanto totalizando a meta de pontos a ser ultrapassados quanto as formas de pontuação extra (que podem ser negativas ou positivas). O jogador em seu turno, tendo em mente os objetivos a serem pontuados, irá escolher uma carta de sua mão, composta por 3 cartas, para baixar na mesa de forma adjacente ou mesmo sobrepondo alguma outra carta já na mesa. Quando as cartas acabarem são contabilizados os pontos!
Critérios
Ø Arte
PRÓS: Eficiente. Sem muita firula, com cores bem distinguíveis e algum cuidado com uns detalhes aqui e outros, mas nada que mereça uma atenção maior.
CONTRAS: Nenhum ponto a levantar.
(Carta em detalhe)
Ø Qualidade dos Componentes
PRÓS: Cartas de boa gramatura; ‘Carteirinha para documentos’ que serve como ‘caixa’ de boa qualidade e que cabem as cartas com sleeves (coisa que muito organizador de jogo grande por ai não consegue fazer!); Uso criativo de frente e verso das cartas para finalidades diferentes, onde a questão “...Mas não fica estranho, já que dá para identificar as cartas pelo fundo ao embaralhar?” é respondida com “Não. Não impacta o andamento do jogo as cartas serem dupla-face, uma vez que o baralho fica aberto (com a face de ‘quadras’ para cima) e que as faces ‘de quadra’ são bem parecidas, sendo dificilmente distinguíveis durante o embaralhamento”.
CONTRAS: Envelope de papel que serve como ‘embalagem’ amassa bem fácil, porém ele existe apenas por uma questão comercial, não sendo essencial em nenhum sentido; O manual contém alguns pequenos trechos que a escrita poderia ter sido feita de outra forma, facilitando o entendimento.
(Todos componentes, incluindo expansões inclusas (cartas à esquerda))
Ø Curva de Aprendizagem
Baixa. Baixa. Sprawlopolis é bem fácil de explicar, não levando nem 5 minutos, e qualquer público consegue jogar, não importa se nunca teve contato com jogos de mesa, por ser um jogo com funcionamento simples, ou que seja um fã de carteirinha (de carteirinha, sacou?) de Vital Lacerda (para quem não sabe, um designer de jogos famoso por obras complexas, recheadas de regras e detalhes), por ser um jogo que apresenta um belo desafio mental. Este belo desafio mental, inclusive, eleva um pouco a curva de aprendizagem do jogo, uma vez que as tomadas de decisão em Sprawlopolis criam escolhas que podem fazer toda diferença na pontuação final (que costuma ser a conta gotas).
Ø Presença de Tema
Média. Apesar de ser uma ‘construção sem nenhum tipo de gestão de recursos, colaboradores e tudo mais que envolve’, a premissa do jogo é ‘planejar e construir uma cidade de acordo com certos objetivos’ e isso é muito bem entregue. Todas cartas de objetivo tem títulos que condizem com as descrições, por exemplo: “Lojinhas de Bairro” pontuam por quadras comerciais interligadas a quadras residenciais por uma estrada. O tema está presente até mesmo sem querer na ideia da ‘carteirinha-de-bolso-caixa’, pois dá uma ideia de porta-documento (como do carro), urbanização e afins.
(‘Carteira’, que funciona como caixa. Cabem as cartas com sleeves!)
Ø Rejogabilidade
Alta. O jogo é feito por apenas 18 cartas (sem contar as expansões), mas nem por isso as partidas serão iguais, pois a cada partida 3 (três) objetivos sorteados são abertos dentre essas 18 cartas possíveis, fazendo combinações únicas, tanto de metas a serem cumpridas como de formas de pontuar. Além disso, a versão nacional traz quatro expansões, cada uma composta de 1 a 4 novas cartas, que apresentam novos objetivos e mesmo pequenas variações mecânicas em relação ao jogo-base, e que podem ser inclusive misturadas entre si. Outros pontos que, ao meu ver, contribuem com a rejogabilidade são: Tempo de partida, que é bem curto, não passando muito mais dos 15minutos; Dificuldade relativamente elevada (eu pessoalmente tenho uma taxa média de vitória por volta dos 30%), o que instiga a jogar de novo para vencer, e como a partida é rapidinha, dificilmente não irei jogar ao menos mais uma vez!
Ø Interação
Alta, porém há controvérsias! O jogo é cooperativo, o que o faz ter a necessidade de uma alta interação, porém o fato de um alpha-player (aquele sabichão que quer mandar no jogo) poder existir é alta, uma vez que o jogo exige bastante raciocínio e os jogadores não possuem nenhum tipo de habilidade única que confira a eles nenhuma ação ou poder de escolha diferenciado. Além disso, por mais estranho que pareça, o jogo se torna melhor se jogado solo (logo, sem interação nenhuma), por melhor que seja a companhia na mesa, uma vez que o quebra-cabeça a ser montado precisa de uma boa dose de fidelidade ao planejamento (ou tentativa!), de tal forma que quanto mais jogadores, apesar de serem mais mentes pensantes, é comum linhas estratégicas lógicas se conflitarem, onde uma acaba se sobressaindo, o que pode deixar as demais pessoas com um sentimento de frustração ou então jogarem tentando ser ‘políticos’ nas decisões e o ‘meio-do-caminho’ não ser a melhor forma de pontuar no final das contas.

(Partida rolando!)
Ø Fator Sorte
Relevância na partida: Baixa. A sorte está lá, desde o princípio, com a abertura dos objetivos, pois eles podem se conversar de forma a facilitar a partida ou mesmo soarem opostos, fazendo o jogador optar por ‘qual ignorar mais e deixar de ganhar mais pontos’, onde alguns objetivos, se abertos juntos, realmente deixam a partida frustrante (beirando o virtualmente impossível dependendo da combinação). Contudo, as cartas são bem parecidas, mudando apenas as estradas e o local das quadras, logo é possível criar um planejamento à longo prazo, mesmo sem saber quais cartas exatamente virão, pensando em coisas como “Hmmm, depois coloco uma carta com quadra verde aqui nesse lugar, só não ter uma estradinha que faça curva para cá”, apenas à mercê da sorte em relação a qual momento da partida essa carta esperada irá surgir.
(Jogo que cabe no bolso. Literalmente.)
Ø Fator Estratégia
Relevância na partida: Alta. Definitivamente o jogo precisa de ações calculadas, mesmo que com certo nível de risco e dependência do momento da aparição de determinada carta (principalmente se jogando com as expansões). Cada partida terá seu conjunto de objetivos e pontuações (além da pontuação básica referentes a quadras – que pontuam de forma positiva e estradas – que geram pontos negativos), fazendo que o jogador esteja, a cada nova carta baixada, pensando em como alcançar os diferentes objetivos de forma mais eficiente. É neste quesito, além do charme de ser tão compacto, que o jogo brilha. É impressionante como o jogo entrega uma experiência de raciocínio e planejamento tão grande em um tempo de partida tão curto e com tão poucos componentes. Após uma rodada ou outra é normal olharmos a mesa e nos arrependermos de alguma carta baixada em um lugar que não foi tão bom, e esse sentimento é gostoso, pois sabemos que a culpa daquilo é estritamente nossa!
Ø Perguntas Frequentes
- É possível jogar com crianças menores? Acompanhada de um adulto para orientar e talvez fazendo pequenos ajustes como abrir 2 objetivos ao invés 3 para facilitar a pontuação final e ter menos coisas para dar atenção, acho que sim, é possível. Inclusive acho um excelente exercício para a criança sobre relação espacial e planejamento de longo prazo.
- Sobre as expansões, é melhor jogar cada uma separada ou juntar tudo? Jogar com todas, comigo, teve a tendência de facilitar bastante o jogo, uma vez que algumas delas, com a Praias, cria novos objetivos, porém não adiciona pontuação final. Dessa forma, recomendo adicionar apenas uma ou duas expansões por vez.
Opinião Pessoal
“Viciante. Sprawlopolis, devido ao tempo de jogo curto e constante mudança de formas de pontuar entre as partidas, ocupa um espaço na coleção que o faz ver mesa muitas vezes. É um desafio solo rapidinho, bem gostoso, que permite ser jogado em qualquer lugar. Sua mecânica simples de ‘pegue uma carta e baixe’, aliada com os desafios mais variados de pontuação não o faz ficar monótono e repetitivo, como o caso de outros jogos com proposta similar como
Bandido e
Onirim, apesar de ter uma dinâmica na mesa mais lenta do que os jogos citados, onde a reflexão é peça fundamental para se ir bem na pontuação, com um impacto bem leve do fator sorte.”
(Raphael Gurian, o empreiteiro de capacete amarelo)
“Sprawlopolis é um jogo cooperativo de composição de terrenos para a construção de uma cidade, no qual se combina os diferentes tipos de quadras a fim de realizar a pontuação mínima exigida, através das cartas de objetivos. É um jogo de partidas relativamente curtas, que não exige muita rapidez nas escolhas uma vez que é necessário haver boa comunicação entre os jogadores a cada jogada, a não ser que seu(s) parceiro(s) exerça(m) alguma pressão em sua escolha ou, em modo solo, se coloque como autodesafio realizar as escolhas de forma ágil. As quatro expansões trazem ao jogo novos objetivos, novas formas de se pontuar e também de se perder pontos, caso não consiga contornar os desafios. Apesar de não ser tão imersivo em sua temática por conta de sua mecânica bastante simples, é um passatempo divertido e possui um ótimo custo-benefício.”
(Heloisa Fernandes, Lola_Fernandes, a construtora de luvas vermelhas)
Um texto de
Raphael Gurian
A ideia deste formato de análise não é explicar um jogo, para isso existem muitos outros textos, vídeos e etc. A finalidade do texto é fazer uma análise crítica acerca de critérios que acho importante e que muitas vezes acabam não sendo explorados em análises de uma forma mais detalhada. Os jogos analisados não seguem qualquer critério comercial, incentivo ou pagamento, sendo escolhidos com base em fontes de vozes da minha cabeça, aliado ao fato de ter já jogado o jogo em questão muitas vezes, a ponto de me sentir confortável em opinar sobre o mesmo.
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